Minha caneta é o cano de minha arma, porém minha escrita é meu único escudo”. DANY ROCHA

quinta-feira, 9 de maio de 2019

CODINOMES




Aos trovadores a quem eu amei por manuscritos ou melodias, deixo apenas o meu legado que de escritas, palavras e pensamentos se fizeram ao longo das vivências. Pois, o meu coração já foi dado, a alma possuída e o corpo maculado, nas entrelinhas que o poeta encantou. E mutilado, sofre o dissabor.
Aos Bilacs da vida, “ora (direis) ouvir estrelas!” Para quem ama em sua Via Láctea, ouvi-las e admirá-las também.
Aos Pessoas, Campos, Caeiros, Ricardos ou Soares. O que importa? O poeta sempre será um fingidor,finge tão completamente que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente”. Inventam máscaras e depois se esvaem...
Aos Drummonds pois “nunca me esquecerei desse acontecimento, na vida de minhas retinas tão fatigadas”. O cansaço me consome, o corpo padece pelas perdas, danos e as várias pedras que a vida atirou no meu caminho.
Aos Bandeiras que pelo mastro hasteou meus desencantos, feriu-me a alma, sufocou-me de amor por que “eu faço versos como quem chora. De desalento... De desencanto... Fecha o meu livro, se por agora, não tens motivo nenhum de pranto”.
Aos Barros que virei pó por desalento e deslimites da palavra. “Ando muito completo de vazios” pois “a minha independência tem algemas”. Mesmo livre o coração vassala.
E presa estive aos pensamentos, em ilusão que aferram-se em conceber que cada instante de vida, de amor me fiz morrer. Porém, ao meu Vinícius, eterna lembrança de outrora e sempre “quero vivê-lo em cada vão momento. E em seu louvor hei de espalhar meu canto. E rir meu riso e derramar meu pranto. Ao seu pesar ou seu contentamento”.
Aos muitos poetas que tanto amei, aos corpos, as bocas que já beijei por um só momento me fiz querida. Aos muitos mestres, professores, doutores do saber, simplórios escritores da vida... Em minhas páginas contempladas ao luar que faz-se releitura dos amantes, pequenos e grandes homens são. Todos figuras importantes.
Aqueles que em seus 'castellos' cinzas, azuis ou brancos renasceram, provando o néctar de Dionísio, tornando-se o que sempre sonharam sê-lo. Em seus emaranhados de palavras, discursos, ensaios e periódicos, escrevendo sobre mulheres e homens como barqueiros. Vivendo as dores do outro em sua mais profunda cerne, escreve para a terra natal ou sobre algum descanso à "sombra de uma gameleira".
Aqueles que sutilmente escrevem, os simples de coração, que relatam seus amores, as asperezas do adeus, da incompreensão da alma, do ser que pranteia, do nascer e pôr do sol, das incertezas, dos medos, dos sentimentos não sentidos [ou sentidos] e os ceifam com seus machados. Quase reprimindo-se em um sofrido pneumotórax, que faz sufocar. Um príncipe de ônix que fala os seus silêncios. Mas, é de tanta doçura em um único verso que distante somente, há de se compreender o verdadeiro ser.  Há de se sentir, e sentir o cheiro de poesia.
Outrossim, aqueles que são eloquentes. Que são poetas do dia a dia. Amante virtual, do real ou do inexistente. São os enlouquecidos de voluptuosidade. Intensos, fechados com suas amarras de proteção. Que conseguem o que querem do outro com seu poder persuasivo. E mesmo assim, o forte ser, em lírica esmorece-se com seus desertos, com suas introspecções poéticas. Esquivando-se da afamada exposição. 
Há tantos Bucowskis, Cohens, Nerudas... 
Outros tantos Caios, Bráulios, Renatos, Cazuzas, escondidos meticulosamente em carapaças da labuta diária, fingindo serem Rauis ou Torquatos e que no íntimo desejam um fim Shakespeariano.
Há tantas Luizas, Florbelas, Janes, Clarices, Emilys, musas indulgentes esperando serem descritas, descortinadas, defloradas poeticamente... 
Por que não viver as emoções? Permitir-se!? O que faz o ser humano sobreviver a tantas regras, valores, crenças, sentimentos e desejos se isso comprova que ele vive atuando hipocritamente em seu real modo de ser...
Na mão dos seus autores, a esferográfica corre o papel... A solidão persiste, mas um destino porém pode-se dar aos personagens que constroem uma história.
Na cabeça do poeta, a dor redime, é pura, casta. A utopia romântica ganha beleza através do sentimento não correspondido, a lágrima é sangue, o coração deixa de ser um órgão vital para tornar-se o vilão dos enamorados.
Tudo se confunde entre o imaginário das palavras, versos fluem cantarolando uma melodia triste. Nossas conversas viraram saudade, sonetos inacabados. E nesse instante, paro o que escrevo. Percebi que as folhas estão molhadas... É meu pranto que ri à sua imagem.
Eu vi muitos poetas sucumbirem ao amor. E submeto-me a você.
Minh’alma chora pela sua ausência. Inconsciente, grito seu nome proibido. 
Tudo em você é proibido. Sou sua Flor que bela se apavora à espera do beijo seu... Não! Não posso. Em meio a tantos poetas, “seu codinome, Beija-flor”.


Por Dany Rocha em: 09/05/2019



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