Aos trovadores a quem eu amei por manuscritos ou
melodias, deixo apenas o meu legado que de escritas, palavras e pensamentos se
fizeram ao longo das vivências. Pois, o meu coração já foi dado, a alma
possuída e o corpo maculado, nas entrelinhas que o poeta encantou. E mutilado,
sofre o dissabor.
Aos Bilacs da vida, “ora (direis) ouvir estrelas!” Para quem ama em sua Via Láctea,
ouvi-las e admirá-las também.
Aos Pessoas,
Campos, Caeiros, Ricardos ou Soares. O que importa? O poeta sempre será um
fingidor, “finge
tão completamente que chega a
fingir que é dor, a dor que deveras sente”. Inventam máscaras e depois se
esvaem...
Aos Drummonds pois “nunca me esquecerei desse acontecimento, na vida de minhas retinas tão
fatigadas”. O cansaço me consome, o corpo padece pelas perdas, danos e as
várias pedras que a vida atirou no meu caminho.
Aos Bandeiras que pelo mastro hasteou meus
desencantos, feriu-me a alma, sufocou-me de amor por que “eu faço versos como quem chora. De desalento... De desencanto... Fecha
o meu livro, se por agora, não tens motivo nenhum de pranto”.
Aos Barros que virei pó por desalento e deslimites
da palavra. “Ando muito completo de
vazios” pois “a minha independência
tem algemas”. Mesmo livre o coração vassala.
E presa estive aos pensamentos, em ilusão que
aferram-se em conceber que cada instante de vida, de amor me fiz morrer. Porém,
ao meu Vinícius, eterna lembrança de outrora e sempre “quero vivê-lo em cada vão momento. E em seu louvor hei de espalhar meu
canto. E rir meu riso e derramar meu pranto. Ao seu pesar ou seu
contentamento”.
Aos muitos poetas que tanto amei, aos corpos, as
bocas que já beijei por um só momento me fiz querida. Aos muitos mestres,
professores, doutores do saber, simplórios escritores da vida... Em minhas
páginas contempladas ao luar que faz-se releitura dos amantes, pequenos e grandes
homens são. Todos figuras importantes.
Aqueles que em seus 'castellos' cinzas, azuis ou
brancos renasceram, provando o néctar de Dionísio, tornando-se o que sempre
sonharam sê-lo. Em seus emaranhados de palavras, discursos, ensaios e periódicos,
escrevendo sobre mulheres e homens como barqueiros. Vivendo as dores do outro em sua mais profunda
cerne, escreve para a terra natal ou sobre algum descanso à "sombra de uma gameleira".
Aqueles que sutilmente escrevem, os simples de
coração, que relatam seus amores, as asperezas do adeus, da incompreensão da
alma, do ser que pranteia, do nascer e pôr do sol, das incertezas, dos medos,
dos sentimentos não sentidos [ou sentidos] e os ceifam com seus machados. Quase
reprimindo-se em um sofrido pneumotórax, que faz sufocar. Um príncipe de ônix
que fala os seus silêncios. Mas, é de tanta doçura em um único verso que
distante somente, há de se compreender o verdadeiro ser. Há de se sentir, e sentir o cheiro de poesia.
Outrossim, aqueles que são eloquentes. Que são
poetas do dia a dia. Amante virtual, do real ou do inexistente. São os enlouquecidos de voluptuosidade. Intensos,
fechados com suas amarras de proteção. Que conseguem o que querem do outro com
seu poder persuasivo. E mesmo assim, o forte ser, em lírica esmorece-se com
seus desertos, com suas introspecções poéticas. Esquivando-se da afamada
exposição.
Há tantos Bucowskis, Cohens, Nerudas...
Outros tantos Caios, Bráulios, Renatos, Cazuzas, escondidos meticulosamente em carapaças da labuta diária, fingindo serem Rauis ou Torquatos e que no íntimo desejam um fim Shakespeariano.
Há tantos Bucowskis, Cohens, Nerudas...
Outros tantos Caios, Bráulios, Renatos, Cazuzas, escondidos meticulosamente em carapaças da labuta diária, fingindo serem Rauis ou Torquatos e que no íntimo desejam um fim Shakespeariano.
Há tantas Luizas, Florbelas, Janes, Clarices, Emilys, musas indulgentes
esperando serem descritas, descortinadas, defloradas poeticamente...
Por que não viver as emoções? Permitir-se!? O que faz o ser humano sobreviver a tantas regras, valores, crenças, sentimentos e desejos se isso comprova que ele vive atuando hipocritamente em seu real modo de ser...
Por que não viver as emoções? Permitir-se!? O que faz o ser humano sobreviver a tantas regras, valores, crenças, sentimentos e desejos se isso comprova que ele vive atuando hipocritamente em seu real modo de ser...
Na mão dos seus autores, a esferográfica corre o papel...
A solidão persiste, mas um destino porém pode-se dar aos personagens que
constroem uma história.
Na cabeça do poeta, a dor redime, é pura, casta. A
utopia romântica ganha beleza através do sentimento não correspondido, a lágrima
é sangue, o coração deixa de ser um órgão vital para tornar-se o vilão dos
enamorados.
Tudo se confunde entre o imaginário das palavras,
versos fluem cantarolando uma melodia triste. Nossas conversas viraram saudade,
sonetos inacabados. E nesse instante, paro o que escrevo. Percebi que as folhas
estão molhadas... É meu pranto que ri à sua imagem.
Eu vi muitos poetas sucumbirem ao amor. E submeto-me
a você.
Minh’alma chora pela sua ausência. Inconsciente,
grito seu nome proibido.
Tudo em você é proibido. Sou sua Flor que bela se apavora à espera do beijo seu... Não! Não posso. Em meio a tantos poetas, “seu codinome, Beija-flor”.
Tudo em você é proibido. Sou sua Flor que bela se apavora à espera do beijo seu... Não! Não posso. Em meio a tantos poetas, “seu codinome, Beija-flor”.
Por Dany Rocha em: 09/05/2019
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