Minha caneta é o cano de minha arma, porém minha escrita é meu único escudo”. DANY ROCHA

sábado, 20 de maio de 2023

E... SE?


 

E se eu soubesse escrever?

E se eu tivesse o dom da palavra?

Escreveria as mais ridículas cartas de amor, 

As quais Fernando nunca escreveu.

Olharia as estrelas do jardim e na Via Láctea, 

Com os olhos estremecidos ouviria seus lamentos.

Àqueles que Olavo, “ora direis” jamais escutou.

Entretanto, assim direis ora estrelas do quão amargo

É a solidão da tua ausência.

E se eu soubesse escrever?

Falaria talvez, o que sinto?

Se eu soubesse expressar o tamanho do céu que existe em mim,

Dentro do meu ser não seria só minh’alma, 

Mas, habitaria um Éden a te esperar.

E quanto do tanto que amei... E amei sozinha... 

Posto que de ti, ilusão recebi.

Eu amei com veracidade, algo e alguém utópico demais...

Amei como uma poeta ama o ser idealizado 

E amei o poeta que és!

E se eu soubesse dizer?

Se eu soubesse escrever e tivesse o dom da palavra?

Como Charneca em Flor, a Florbela que existe em mim

Falaria com fervor.

Desfolharia as amarras dos espinhos 

E ecoaria aos teus pés

Palavras vãs com imensurável amor.

Sou como Luíza, sou como Amélia, 

“mulher que toma a pena para em lira transformar”

E se eu soubesse escrever?

Se eu soubesse escrever te daria meu diário,

Escrito com palavras esdrúxulas

Marcadas por lágrimas e suor.

Páginas restritas, escritas e apagadas... Frases rasgadas.

Noite adentro e insone no leito que um dia foi flor 

E hoje rejeita.

Se eu soubesse escrever ou tivesse o dom da palavra 

Ecoaria um canto mudo.

Aquele com os mil sinais traduzidos, 

Sinalizados por minhas mãos...

Ah... Se eu soubesse escrever...

Gritaria ao amor, palavras surdas igualadas à beira do teu silêncio.

 

        Por Dany Rocha em 20/05/23

quarta-feira, 3 de maio de 2023

PRETEXTOS ENTRETEXTOS - I

 


Pedaços de mim foram os que sobraram...

Me “arretalho – neologisticamente” sobre o papel e junto aos anseios que ficou.

 Entre textos, remexo o passado como sombra em dias de sol.

Mas, a chuva insiste em turvar meu coração,

Como um ácido a abrasar meus pensamentos.

É...  Confesso... Quão abstruso. Não sou tão forte assim...

Há um alento de ti dentro de mim, aquele que me mantém e me destrói.

Marília dizia: “me apaixonei pelo que inventei de você…”

 Não sei se foram os olhos, o cheiro, o riso, os gostos similares ou mesmo a alma.

Só sei que foi. E foi por muito tempo...

Certa feita, eu resolvi fingir/ fugir, transpor. Negando o que senti.

Tive receio de novamente me perder nos sonhos. Nos amargos equívocos da vida.

 Era muito peso, era muito amor, eram certezas dúbias e verdades incertas.

As cicatrizes calam e o silêncio canta. E o muito que idealizei, por medo perdi.

Se o que eu via naqueles olhos, fosse tua cerne mais sincera,

Sem nenhum vácuo que limitassem nossas memórias.

Se pelo menos soubesse… Se imaginasse…

Ah… Marília de Dirceu…

Dirceu de Marília… Quantas liras para o final?

Que sorte a minha conformar-me com a morte por uma lágrima tua.

 Ah… Mendonça, e de quem é a culpa?!

[a culpa é sua por ter esse sorriso; e minha, por me apaixonar por ele...]


            Por Dany Rocha - ( Flor )    Em: 03 maio 2023.