Minha caneta é o cano de minha arma, porém minha escrita é meu único escudo”. DANY ROCHA

domingo, 30 de agosto de 2020

IN- CERTAS DECISÕES

 



E lá tem uma ponte. O crepúsculo aproxima-se.

Oscilando os seus últimos raios na estrada de areia.

Uma grande bifurcação. Caminhos a seguir...

E nessa alusão, não sei se vou ou se fico.

Paro à margem da vida e procuro perceber o que de verdade é real.

Busco respostas, vagueando velhos textos, velhos sonhos, velhas histórias como se algo estivesse inacabado...

Tento dizimar aquela última imagem da minha mente, quando as despedidas eram apenas momentâneas , certa que no outro dia estaria envolta a sua companhia.

Vejo pelo retrovisor, um rosto, uma mulher.

Desconheço minha própria imagem.

Ando pelas ruas, cabelos ao vento, face coberta por uma máscara...

Dali, apenas os olhos tornaram-se o detentor dos sentidos.

Por eles, se chora, se rir, entristece-se, anima-se...

As janelas da alma... Através deles, impossível fingir o desalento.

É com os olhos que busco ansiosa, algo que não perdi.

Ou que nunca tive. Alguém que não era meu...

Talvez querendo a todo custo encontrá-lo em outro alguém.

Em outra ocasião. Vê-lo de longe, apenas.

Os tempos mudaram. O mundo mudou.

Mas, alguns sentimentos continuam os mesmos.

Presos, guardados, sufocados em um espírito inquieto!

Sentimentos marcados por incertezas.

Do que poderia ter sido ou o que jamais poderia ser.

Necessidade de tocar, de ouvir, de falar, de sorrir ou apenas olhar...

Uma vertigem louca, que confunde a ilusão, o real e o sonho.

Desejo oculto de tê-lo rente a mim.

Mas isso... Nunca saberás.

Desde o dia que escolhi amar - te apenas em meus segredos...

E como a máscara que cobre minha face, negra e profunda, também será esse mistério.

 

                           Por Dany Rocha      em: 30/08/2020

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

ESCUTA-ME


Tu, um luar perdido no tempo

Vagueando a noite inteira sob reflexos do alvorecer...

Eu, apenas uma brisa perdida que paira na água,

Sorvendo tuas pegadas na areia...

A cada dia a imensidão separa.

Separa o mar que acaricia a praia,

O sol que aquece e acalma,

O vento que beija a face.

E desiludida, um pranto escorre em minh’alma

Como se fosse o último suspiro,

O derradeiro pensamento,

O entardecer de tristezas...

Mas, o que se passa dentro do teu silêncio?

Qualquer calmaria exposta?

Ou revoadas de turbulências implícitas?

Meu amor... Volta para os meus sonhos,

Não te esvai somente.

Vem como a velha alma que sente

A essência do meu ser.

Sou como nada sem você. Embarcada à deriva...

E juntos, deixemo-nos levar além do horizonte

Às sensações e palavras contidas na garganta

Num grito mudo

Que nem o coração pode olvidar.

                                                            Por Dany Rocha / 06 agosto de 2020