E lá tem uma ponte. O crepúsculo aproxima-se.
Oscilando os seus últimos raios na estrada de areia.
Uma grande bifurcação. Caminhos a seguir...
E nessa alusão, não sei se vou ou se fico.
Paro à margem da vida e procuro perceber o que de verdade é real.
Busco respostas, vagueando velhos textos, velhos sonhos, velhas histórias como se algo estivesse inacabado...
Tento dizimar aquela última imagem da minha mente, quando as despedidas eram apenas momentâneas , certa que no outro dia estaria envolta a sua companhia.
Vejo pelo retrovisor, um rosto, uma mulher.
Desconheço minha própria imagem.
Ando pelas ruas, cabelos ao vento, face coberta por uma máscara...
Dali, apenas os olhos tornaram-se o detentor dos sentidos.
Por eles, se chora, se rir, entristece-se, anima-se...
As janelas da alma... Através deles, impossível fingir o desalento.
É com os olhos que busco ansiosa, algo que não perdi.
Ou que nunca tive. Alguém que não era meu...
Talvez querendo a todo custo encontrá-lo em outro alguém.
Em outra ocasião. Vê-lo de longe, apenas.
Os tempos mudaram. O mundo mudou.
Mas, alguns sentimentos continuam os mesmos.
Presos, guardados, sufocados em um espírito inquieto!
Sentimentos marcados por incertezas.
Do que poderia ter sido ou o que jamais poderia ser.
Necessidade de tocar, de ouvir, de falar, de sorrir ou apenas olhar...
Uma vertigem louca, que confunde a ilusão, o real e o sonho.
Desejo oculto de tê-lo rente a mim.
Mas isso... Nunca saberás.
Desde o dia que escolhi amar - te apenas em meus segredos...
E como a máscara que cobre minha face, negra e profunda, também será esse mistério.
Por Dany Rocha em: 30/08/2020