"Última
flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te
assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o
teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
em
que da voz materna ouvi: "meu filho!",
Eem que Camões
chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho! (OLAVO BILAC)"
E
O gênio sem ventura e o amor sem brilho! (OLAVO BILAC)"
Revirando uns escritos dos tempos de faculdade, encontrei uma pasta no meu computador que revelava alguns momentos vivenciados ao longo de minha formação acadêmica.
A priore, observei cada trabalho, cada fotografia registrada, e por segundos senti-me reportada a antiga sala de aula da Universidade Estadual do Piaui - UESPI, onde passei quatro anos de minha existência...
Deparei-me a um texto, proferido na missa de colação de grau, por minha pessoa. Reli cada parágrafo. Ao instante que meus olhos fitavam a tela, lágrimas sorviam sem nenhuma explicação em minha face... Reminiscências... Saudosismo? Nem sei...
Não sendo demagoga, mas percebi o quanto tudo aquilo fora importante para meu crescimento pessoal. Os embates belicosos ao longo dos temas discursivos nas aulas, as algazarras, as alcunhas proferidas entre nós aos colegas e, às vezes, até comportamentos ignóbeis, inadmissíveis à acadêmicos... Eram e são momentos inesquecíveis, até a hora de seu fenecimento.
Hoje, tempos depois, cada um tomou seu curso de vida própria. Amigos mudaram de cidade, outros perderam simplesmente o contato, alguns mesmo sem muita afinidade de outrora, ainda se fazem presentes nas redes sociais... Outros, preferiram o afastamento... E é nessa gangorra de desencontros que retomo esse texto para reviver o que uma família, digo pois, éramos uma família com desencontros, medos, incertezas, "picuinhas" entre outros, vivendo até a nossa formação em Letras Português. Esse texto é para vocês, amigos inesquecíveis e docentes que contribuíram quão significantemente para a formação de novos profissionais.
"Hoje, foi
questionado o porquê do nome de nossa turma: ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO, INCULTA E
BELA. Pois bem, resolvi responde-los.
O que é Flor do Lácio?
A expressão
"Última flor do Lácio", inculta e bela" é o primeiro verso de um
famoso poema de Olavo Bilac, poeta brasileiro. Esse verso é usado para designar
o nosso idioma: a última flor é a língua portuguesa, considerada a última das
filhas do latim (Língua indo-européia , primitivamente falada no Lácio, antiga
região da Itália, e, paulatinamente, em todo o império romano, e cuja
existência está documentada desde o séc. VI a. C.). O termo inculta fica por
conta de todos aqueles que a maltratam (falando e escrevendo errado), mas que
continua a ser bela. Contudo, particularmente eu prefiro ver o termo inculto
como algo a ser cultivado, recriado linguísticamente falando, acredito que seja
menos normativo e mais poético.
Quatro anos se
passaram... E nesse tempo todo, frente à universidade, entramos meninos e
saímos "Gente grande". Lembro-me do primeiro dia de aula. Eram tantas
ilusões, tantas expectativas... Todos se entreolhavam sem entender “buiufas” o
que o professor com sua metodologia acadêmica dizia...
Sinais dispersos
pelo ar, sinais de confusão e como diz nosso amigo GERSON FÈLIX, sinais de
burridade mesmo...
Ao chegar em casa,
era uma pilha de livros e apostilas que tomava espaço de nossa cama e de todos
os cômodos da casa. Olhavamos meio desconfiados a tudo, a linguística era pior
que grego!
.Queriamos ao menos
começar a ler, ou entender os conteúdos exigidos pelas disciplinas. Contudo,
nossa bola craniana dançava em um ritmo alucinógeno, ouvíamos as concepções!
Mas, quase não entendíamos nada...
O que restávamos a
fazer era ir beber em baixo da mangueira, lá surgia muitos artistas. Poetas,
escritores, atores e coadjuvantes de um futuro bem promissor a todos nós.
Os blocos se passavam,
os grupos se definiam, cada um querendo sobressair-se aos demais. E como nós
sobressaiamos...
Prova disso foram
nossos recitais e o 4º Simposio de
literatura, linguagens e inclusão social. Estava concretizado! Agora não mais
amigos de sala, mas irmãos, e como toda família que se preze, com brigas e
discussões também.
Eram estudos afins,
provas, seminários, estágios e reclamações para nossa querida RITA MÃEALVES.
Tínhamos que dar
conta! Final de bloco de faculdade, final de bloco de superação, Monografia,
final de bloco da ilusão... Era agora a realidade, nosso futuro estava selado.
Tudo confuso... Tudo na contramão.
Tínhamos que
terminar nossos afazeres!
O mais difícil, era
não poder argumentar das discordâncias de algumas matérias, afinal um letrado,
não possui amigos que comunguem as mesmas ideias fora do meio acadêmico, pois
nosso curso culturalmente elitizado, digamos assim é um dos mais humanizados.
E assim, finda-se um ciclo e como todos os
ciclos ao término,corresponde ao início de uma nova história. Uma reprise de
fatos que inutilmente se refaz... E ciclos vão e vem, eclodem em utopias vãs
deixando saudades.
Lembranças de
momentos unívocos, de esperanças e sonhos... Atitudes impensadas e gestos por
fazer. E falta nesse justo instante traiçoeiro, a coragem... a coragem de dizer
que valeu demais!!!
A discrepância de
ações, desencontradas, perdidas. Olhares atônitos, desejos ocultos e
arrependimentos tardios em entender que um único e simples gesto poderia mudar
toda uma situação. A névoa da mágoa ou
as frases frias... Não sabemos. Hoje ao ler esta homenagem, agradeço pela turma,
a cada um que passaram em nossas vidas.
A Aninha que no
inicio era quase uma turista, por conta de sua outra faculdade; A Ana Paula
pelas lágrimas de caixa d’agua; A angélica por seu jeito zangado, mas
apaixonado; A Lili por ser nossa Barbie; A Eliane por ter fabricado 02 crianças
ao longo do curso, (nossos mascotes); Ao Eliomar nosso músico; A Elyne por sua
alegria sargaz; Ao Emersom pela sua incredulidade; Ao Fabrício por sua
gentileza; Ao Gerivaldo nosso Objeto direto; Ao Gerson por sua "ferronia
imaginética"; A Gilmara nossa Sagarana; A Iara por sua competência; A
Janaira por ser fashion; A Joyce por sua sensibilidade; Ao Kleber pelo esforço;
A Laiane Leal pelo conhecimento cinematográfico; A Laiane Fontinele pelas gaiatices; A
Leidevania nossa voz locutora; A nossa Personal Luiza Erondina; A meiguice de
Luma; A Amparo por sua autenticidade; A concursada do maranhão, Remédios; A
Gleice pela sua ponderação; Ao Marivaldo por sua irreverência; A Nathalee por
seu romantismo; Ao Daniel por suas escritas; A Nayara pelo rock; A Patricia
pela superação; A nossa Top Maria Mendes; Ao Marcos pelas discordâncias; A
Gessiane pelo sorriso; A Karoline e Leonara, nossas advogadas; Aos novos
amigos, Adiula, Martinho, Benedito, Jonas e Inaldo por fazer parte desta grande
família.
Hoje não é um dia
triste, ao contrario conseguimos vencer, cada um do seu jeito.
Compreendemos neste
instante, que ao longo do convívio, pessoas são diferentes. Atitudes são
diferentes. Sonhos são diferentes. Sentimentos são diferentes...
ama-se diferente! E
é o ponto: amar. Amar diferente, amar tardiamente... Amar somente. Amar
simplesmente!" Parabens a turma : A ULTIMA FLOR DO LÁCIO, INCULTA E
BELA!!!!
By Dany Rocha 07/07/2013.