Minha caneta é o cano de minha arma, porém minha escrita é meu único escudo”. DANY ROCHA

quinta-feira, 29 de julho de 2021

CARTAS PARA ELE III

 


Já fazia algum tempo que queria te escrever, e usar meu corpo como lousa.

Usar a ponta dos dedos como giz... E os pensamentos como memórias.

Escrever para aliviar essa assoberbada vontade de ti.

Hoje a saudade gritou em mim, meu bem... Saudade de ti, de mim, de nós.

Emaranhei a realidade, com o que eu vivenciei e com o que meu coração criou sobre ti.

Cada risada junto a ti era contentamento. 

Regozijo do momento, como se o tempo transpusesse a vontade de ocultar a alegria ao perceber o quanto mágico era estarmos juntos.

Ali, nada era cobrado... O riso era solto, fluido.

Ali, esquecíamos um pouco as responsabilidades, a labuta e o quão rígido era o mundo real.

Ali, por um instante era só emoção e podíamos ver dentro do olhar do outro, aquilo que não se tinha coragem de externar.

E quando meus olhos cruzavam os teus, apenas as palavras mudas saltavam pelos lábios entreabertos.

 Ressoando como um frio na espinha, em êxtase de arrepios pelo corpo, garganta, fazendo meu coração desritmar.

Teus olhos... Ah, como eram expressivos... 

Aquele olhar marcante, pequenas jóias acastanhadas, onde misteriosamente me fitava a alma.

Ficava trêmula, mãos suadas, coração pequenino com receio que pudesse me denunciar.

Não sabes o poder que tinhas sobre mim! Senti-me frágil e forte ao mesmo tempo, insana. 

Não poderia deixar que desvendasse meus sentimentos, minhas vulnerabilidades.

E que saudade eu tenho de não tê-lo mais aqui. Tanta afinidade diluída em dúvidas, receios e medos.

Então moço, resolvi fechar a cortina, sair de cena...

Resgata-me outra vez... Se assim, um dia quiseres.

 A maldade do tempo me fez afastar de você”

                                               

 

Por DANY ROCHA    29/07/ 2021

sexta-feira, 2 de julho de 2021

ABSTINÊNCIA


 

Outra madrugada. Caminho pelo quarto e deito novamente...

Nada diminui a ânsia que transpassa em mim.

Sinto uma dor tamanha que dilacera o peito.

É algo que pulsa o coração e sobe como se quisesse regurgitar

Os lábios cerram e a boca seca...  A garganta arde como se quisesse gritar!

Um grito mudo, porém, histérico não enunciado

Queria poder falar ao mundo daquilo que criei sobre nós

Queria ter certeza que eu não senti sozinha...

Palavras são desnecessárias à imensidão do momento.

A mente, mente querendo não lembrar.

Mas, tudo o que me vem ao pensamento é o teu sorriso.

A imagem que tento matar a cada dia das minhas recordações,

Sufocando os sonhos não vividos, querendo não querer-te...

De súbito, insistentemente voltam aos meus sentidos

E apodera-se de mim, do meu ser, da minh’alma.

E o que pensava estar resolvido, excluído de vez,

Estava adormecido em algum lugar em mim.

Enquanto isso, o sono não vem. Penso em ti, em nós.

Amanheceu e permaneço na amarga insônia diária.

Sinto calafrios internos, e não suporto essa abstinência de ti!

Eu desisti de ti ao fugir de sua vida, - Sim, fugi - eu era de mais nela.

Talvez, nunca saibas o que é sentir como eu... Assim, dessa forma insana...

Mas, tu estás marcado como uma cicatriz em meu ser,

Uma tatuagem cravada a ferro em brasa.

E não há nada que eu possa fazer para libertar-me de ti

Pois, a tua presença se faz necessária como um sopro de vida em mim.

E essa droga alucinógena que é o amor, me torna uma dependente química.

Que precisa desintoxicar-se das ilusões,

De um dia, me amar de verdade.

                                                          

                                        Por Dany Rocha     em 02/07/2021