Minha caneta é o cano de minha arma, porém minha escrita é meu único escudo”. DANY ROCHA

segunda-feira, 13 de maio de 2019

CONTRADIÇÕES





ELE:  Alô?

ELA:  ‘Oie’...

ELE:  ‘Cê tava’ dormindo?

ELA:  Agora não ‘né’. Apesar de ser 4 da manhã. Você me acordou. (Risos)

ELE:  Desculpe é que eu não consegui dormir... Tem algo que eu preciso dizer...

ELA:  Ahhh Não... Vamos conversar amanhã... Estou com muito sono...

ELE:  Espera. Eu preciso te alertar. Não consigo ter paz, se não falar... (Silêncio profundo)
Yna, não se apegue a mim. Eu sou muito volúvel, aliás.... Eu não sou. Eu...
Bom... EU SOU!
Eu sou uma pessoa inconstante, INFIEL. Eu não gosto de ninguém.
Não me apego a mulher nenhuma.
Jamais irei me apaixonar, eu sou um pássaro, e pássaros são livres.  
Eu vou te machucar porque eu não sigo regras sociais, muito menos do coração.
Eu parto corações...
Eu não me preocupo com ninguém.
Eu não me apego, sabe...
Perco o interesse fácil. Tudo para mim é conquista.
E não me importo se eu quebrar seu coração.
Então, se afaste de mim o quanto antes. Corra. Fuja...
Eu vou te usar. No início vou ser gentil, galanteador.
Vou até falar em construir um futuro, um lar...
Vou mandar ‘emoticons’ bobos para te fazer sorrir.
Vamos construir uma trilha musical do nosso romance.
Vou tocar violão para você.
Mas depois vou te largar. Vou sumir.
Eu não me apego, sabe...
Eu vou beijar você como nunca beijei nenhuma mulher.
Vou te sentir como sinto minha própria vida.
Agarrar os teu cabelos e me cobrir com eles.
Vou ver você delirar feliz depois do amor, mas depois eu vou embora...
Vou pensar em você o dia todo, e a noite também.
Vou perder o sono, adentrar a madrugada mas só porque eu não quero nada com você.
Eu só precisava te dizer para depois, você não falar que eu não te avisei...
Eu não me apego.
Você vai chorar dia e noite, vai entrar em depressão, não vai entender.
Vai me procurar e eu vou te ignorar.
Eu sou assim. Sou durão! Eu não me apaixono por ninguém.
Não me preocupo. Eu não me apego, sabe...
Vou guardar aquele lenço que você deixou cair, e que tem o seu perfume...
Mas, só porque é uma peça cara. Seria injusto jogá-lo fora.
Eu nem tenho esse costume de ficar sentindo seu cheiro...
Eu só falei que o 212 parece com você, porque ficou no meu travesseiro. Só isso...
Eu não me apego fácil sabe. Não ligo para romantismo. Acho piegas.
Por isso, eu tinha que te falar. Te avisar para não se apegar a mim... (suspiro profundo)
Eu escrevi poemas ao luar e declamei-os para ti.
Vi minha emoção e vi o seu encantamento.
Mas, foi só porque eu precisava manter o hábito da escrita.
Lógico que aquela lágrima não era real. E eu nem preciso de musa!
Aliás, deixa eu falar um segredo. Nós poetas, não temos musa.
É tudo ilusão, um jogo para conquistar as garotas...
E depois da conquista, descartamos. E uma nova conquista surge.
É porque os poetas não se apegam a uma única mulher.
Eu, particularmente nem me apego. Não ligo em machucar.
Se elas se apaixonam é porque somos “fodasticos”!
Eu vou lembrar do seu sorriso, da sua voz, do seu cheiro, da mão que passa pelo cabelo.
Vou lembrar do seu corpo nu e do rubor em sua face pela sua timidez.
Vou lembrar das suas palavras que soam tão doces em seus lábios macios.
 Elas parecem roubar um beijo de sua boca a cada momento. (Suspiros)
Vou lembrar... Mas só para ter certeza que eu não gosto de você.
Eu não me apego, sabe...
Eu não sei amar. Eu nem sei o que é amor.
Eu só sei usar, e decepcionar...
Então, corra! Fuja de mim.
Eu não sou um cara fácil.
Eu não me apego fácil ...

ELA: Terminou? Obrigada... (Disse com voz meiga e calma)

ELE: Depois de tudo o que eu falei, você me agradece Yna!? (Voz de espanto)

ELA: Sim, agradeço pelo aviso e pelas contradições. Medo? Insegurança? Não sei... 
Depois de tudo que você diz ser, por insistir em sabotar nosso amor e por não se apegar a ninguém, eu conclui que você me ama Léo. 
E ao contrário de você, eu também te amo, por que eu me apego fácil!   

                                    
Por Dany Rocha  13/05/2019

quinta-feira, 9 de maio de 2019

CODINOMES




Aos trovadores a quem eu amei por manuscritos ou melodias, deixo apenas o meu legado que de escritas, palavras e pensamentos se fizeram ao longo das vivências. Pois, o meu coração já foi dado, a alma possuída e o corpo maculado, nas entrelinhas que o poeta encantou. E mutilado, sofre o dissabor.
Aos Bilacs da vida, “ora (direis) ouvir estrelas!” Para quem ama em sua Via Láctea, ouvi-las e admirá-las também.
Aos Pessoas, Campos, Caeiros, Ricardos ou Soares. O que importa? O poeta sempre será um fingidor,finge tão completamente que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente”. Inventam máscaras e depois se esvaem...
Aos Drummonds pois “nunca me esquecerei desse acontecimento, na vida de minhas retinas tão fatigadas”. O cansaço me consome, o corpo padece pelas perdas, danos e as várias pedras que a vida atirou no meu caminho.
Aos Bandeiras que pelo mastro hasteou meus desencantos, feriu-me a alma, sufocou-me de amor por que “eu faço versos como quem chora. De desalento... De desencanto... Fecha o meu livro, se por agora, não tens motivo nenhum de pranto”.
Aos Barros que virei pó por desalento e deslimites da palavra. “Ando muito completo de vazios” pois “a minha independência tem algemas”. Mesmo livre o coração vassala.
E presa estive aos pensamentos, em ilusão que aferram-se em conceber que cada instante de vida, de amor me fiz morrer. Porém, ao meu Vinícius, eterna lembrança de outrora e sempre “quero vivê-lo em cada vão momento. E em seu louvor hei de espalhar meu canto. E rir meu riso e derramar meu pranto. Ao seu pesar ou seu contentamento”.
Aos muitos poetas que tanto amei, aos corpos, as bocas que já beijei por um só momento me fiz querida. Aos muitos mestres, professores, doutores do saber, simplórios escritores da vida... Em minhas páginas contempladas ao luar que faz-se releitura dos amantes, pequenos e grandes homens são. Todos figuras importantes.
Aqueles que em seus 'castellos' cinzas, azuis ou brancos renasceram, provando o néctar de Dionísio, tornando-se o que sempre sonharam sê-lo. Em seus emaranhados de palavras, discursos, ensaios e periódicos, escrevendo sobre mulheres e homens como barqueiros. Vivendo as dores do outro em sua mais profunda cerne, escreve para a terra natal ou sobre algum descanso à "sombra de uma gameleira".
Aqueles que sutilmente escrevem, os simples de coração, que relatam seus amores, as asperezas do adeus, da incompreensão da alma, do ser que pranteia, do nascer e pôr do sol, das incertezas, dos medos, dos sentimentos não sentidos [ou sentidos] e os ceifam com seus machados. Quase reprimindo-se em um sofrido pneumotórax, que faz sufocar. Um príncipe de ônix que fala os seus silêncios. Mas, é de tanta doçura em um único verso que distante somente, há de se compreender o verdadeiro ser.  Há de se sentir, e sentir o cheiro de poesia.
Outrossim, aqueles que são eloquentes. Que são poetas do dia a dia. Amante virtual, do real ou do inexistente. São os enlouquecidos de voluptuosidade. Intensos, fechados com suas amarras de proteção. Que conseguem o que querem do outro com seu poder persuasivo. E mesmo assim, o forte ser, em lírica esmorece-se com seus desertos, com suas introspecções poéticas. Esquivando-se da afamada exposição. 
Há tantos Bucowskis, Cohens, Nerudas... 
Outros tantos Caios, Bráulios, Renatos, Cazuzas, escondidos meticulosamente em carapaças da labuta diária, fingindo serem Rauis ou Torquatos e que no íntimo desejam um fim Shakespeariano.
Há tantas Luizas, Florbelas, Janes, Clarices, Emilys, musas indulgentes esperando serem descritas, descortinadas, defloradas poeticamente... 
Por que não viver as emoções? Permitir-se!? O que faz o ser humano sobreviver a tantas regras, valores, crenças, sentimentos e desejos se isso comprova que ele vive atuando hipocritamente em seu real modo de ser...
Na mão dos seus autores, a esferográfica corre o papel... A solidão persiste, mas um destino porém pode-se dar aos personagens que constroem uma história.
Na cabeça do poeta, a dor redime, é pura, casta. A utopia romântica ganha beleza através do sentimento não correspondido, a lágrima é sangue, o coração deixa de ser um órgão vital para tornar-se o vilão dos enamorados.
Tudo se confunde entre o imaginário das palavras, versos fluem cantarolando uma melodia triste. Nossas conversas viraram saudade, sonetos inacabados. E nesse instante, paro o que escrevo. Percebi que as folhas estão molhadas... É meu pranto que ri à sua imagem.
Eu vi muitos poetas sucumbirem ao amor. E submeto-me a você.
Minh’alma chora pela sua ausência. Inconsciente, grito seu nome proibido. 
Tudo em você é proibido. Sou sua Flor que bela se apavora à espera do beijo seu... Não! Não posso. Em meio a tantos poetas, “seu codinome, Beija-flor”.


Por Dany Rocha em: 09/05/2019



sábado, 4 de maio de 2019

PALAVRAS





Letras, palavras, frases... 
São tudo para quem escreve. Ou quase tudo para quem expressa a vida e os dissabores. 
Para quem domina a arte dos galanteios, para quem brinca de criar um mundo paralelo a sua real condição. 
Para quem finge não sentir, sentindo. Não querer, querendo. Não amando...
É como a linha, o dedal, o carretel, a agulha para a costureira. 
É como prever, organizar, comandar, coordenar e controlar uma empresa, em sua eficácia e eficiência para um administrador ou mesmo retrocedendo, ao giz, à palmatória, a velha lousa para a Normalista de tempo atrás.
Palavras... Não apenas um emaranhado de letras a aglutinar-se em orações que por vezes, não fazem sentido. São as memórias, o grito surdo do poeta enamorado. O seu clamor!
Palavras... Não apenas as ricas rimas do poema ao mal perfeito. A liquidez dos amores vãos e a solidez dos amores platônicos. Ou as estrofes transloucadas de um amor servil contrapondo-se ao soneto do amor passional.
Palavras...  São meus versos em dias tristes. Meu olhar fatigado em busca de descanso. O meu silêncio em poesia. O meu corpo suado... A caneca de café, a taça de vinho tinto.  A minha saudade em você.
Palavras... São os vazios dos meus dias. O trabalho que me consome. A espera que se estende. A lembrança do teu cheiro. As nossas conversas. A cova do teu sorriso. Uma noite sombria em minha cama, a vontade de ouvir a sua voz, mais uma vez...
De que me valem as palavras e os meus sentimentos, se minhas frases são ilusórias, os meus textos são rasos, desconstruídos em parágrafos de amarga dor?
De que valem os meus escritos, se eles apenas contam o romance inacabado, frio e as reminiscências de sua imagem e o pouco que tivemos povoando os meus pensamentos.
De que vale toda a inspiração poética, se eu escrevo por você e a mais linda poesia, você escreve para outro alguém?
E nesse instante profetizo... E se verdadeiro for, irá voltar...
E das palavras singelas que escrevo, por todo amor do mundo: Ser meu, você irá.
E não apenas só palavras, nem tão pouco versos simples, parágrafos em desordem, narrativa em desatino, estrofes ou sentimentos de insensatez. Mas, uma história para o futuro, com começo, meio e nunca fim. De um amor eterno, vívido e de muita solidez. 
Eu em você e você em mim...

                                                                    Por Dany Rocha  04/05/2019