O que se faz pensar assim?
Fantasiar um momento, uma vida tênue, interrompida pelo fulgor da
insensatez adolescente...
Imaginar o sorriso galante, como arco-íris atordoantes quando os olhos
fitam outros olhos, mesmo em disfarces...
Os mais sóbrios, falam em racionalidade de emoções, porém, o coração é
tão eloquente que acaba traindo em reminiscências insanas.
E o que é o poeta, senão um louco alucinado e ridículo?
Ao usar seu coração, o poeta torna-se fugaz em seus sentimentos,
atropelando o racional, chegando ao êxtase de suas ações como um maremoto em
ciclos, um furacão que extravasa todos os anseios por amor. E só após total
destruição, decepção, se esvai...
No coração do poeta, essa devassidão não se dá apenas momentânea.
Ela perpetua, sobrevive as chamas do
descaso, a distância... Sobrevive ao orgulho do outro, chegando quase sempre,
ao desesperador tormento da alma... E como vento, brisa forte que enxuga as
lágrimas caídas, o tormento apenas existe no peito dilacerado de emoções
sombrias.
Assim, existe o que se teme, o que não se espera, o que nunca se almeja
para si próprios, o lado oposto do júbilo... A dor do amor...
Essa dor incompreendida, que torna-se não somente emocional, mais física.
O coração sangra... A vida perde o verdadeiro sentido... Os dias apenas
vão passando como tormentas em dissabor.
O amor é ambíguo. Traiçoeiro, posto que, ao mesmo tempo em que causa uma
sensação alucinógena de alegrias, é capaz de ceifá-las em um segundo apenas...
O poeta sabe da ambiguidade desse sentimento, mas é pueril ao
compreendê-lo. Prefere deixar correr, ver o tempo passar... Um dia após o
outro, inerte.
No inconsciente, rende- se as lembranças de um instante pândego. Não tendo convicção da esmera capacidade de
realização, como um boêmio sonhador, rende-se ao pranto. Degusta a última taça
do néctar dionisíaco e assim,vai criando, desejando e esvaindo-se em desejos idealizáveis...
Por DANY ROCHA 14/ 07/14.
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