Minha caneta é o cano de minha arma, porém minha escrita é meu único escudo”. DANY ROCHA

domingo, 15 de setembro de 2013

QUERIA QUE VOCÊ SOUBESSE: Um desabafo poético no meio do nada.





Encontrava-me angustiada e sem perceber rabiscando o papel, começava a dar corpo ao que seria uma nova poesia...

“Dita-me em lamúrias, teu Eu inconstante.
Subscreve em versos a resposta que preciso
Quão esplendida admiração!
Num trágico momento, perdeu-se então”.

Chega! Recuso-me continuar escrever.
Talvez devesse parar de vez.
Parar de brincar de escritora...
Ultimamente venho sendo emotiva demais e quando menos espero estão expostos trechos fragmentados de minha vida. O que dantes causava-me um prazer incondicional, hoje se tornou apenas deletérios. Meus escritos fizeram-me um ser nostálgico e infinitamente triste. Se eu passava horas lendo, me deleitando aos pensamentos de Nietzsche e dos mestres menores, agora percebo que a cada frase interpretada leva-me a mais profunda melancolia. Parece que aos poucos me fechei numa redoma insólita, onde ao fundo só existe a melodia do Maluco Beleza misturada na inconstância de Baco.
Estou perdida dentro de mim mesma, nem sei ao certo o que sinto, mas estou deveras depressiva. Isso tem me torturado bastante. Vago a madrugada insone procurando entender meu interior. Não encontro respostas.
Shakespeare já dizia: “... Nossas dúvidas são traiçoeiras e nos fazem perder o que com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar”. Ele tem toda razão. Arriscar! Eis a questão. Sinto-me insegura. Tenho medo de correr riscos. Medo de machucar meu ego outra vez. Talvez um gesto, por mais simplório que seja ou um monossílabo insignificante para muitos, amenizasse as asperezas deste coração inconsequente...
Empenho-me em um silêncio torturante que defino inútil, já que por inúmeros momentos sobe-me pela garganta palavras que de súbito contenho por medo de uma reação constrangedora. Nem sei se estou sendo justa com tal afirmação, se for contraditória, perdoe-me. Vejo-me acovardada pelo extremismo das atitudes e isso me causa uma dor dilacerante em todo meu ser. E se é assim, prefiro calar-me, contemplando minuciosamente cada gesto, cada sorriso, cada ação, pelo canto dos olhos que não conseguem fita-lo de frente.
Envolvo-me novamente num denso e mórbido silêncio que cala não somente meus lábios, mas emudece toda minh'alma. Sei que não sou santa, você também não é nenhum anjo, cada um com seus defeitos e rindo vou levando a sério, calada... Dizem que os critérios existenciais contextualizam que o silêncio em muitas ocasiões é sabedoria, e que o tempo é o melhor antídoto para as enfermidades da alma. Então vou me enganando, cada um com sua vida, ficarei aqui, quieta, imóvel no meu canto. Asfixiando-me.
Minhas chagas não cicatrizaram como eu imaginava e nelas ainda sufoco o vazio, as incertezas de um ser melancólico e amargurado de saudade que o tempo não apagou de mim, criando uma protagonista oposta ao que um dia eu pude ser. Uma pessoa que o escudo de proteção rompeu e desmoronou toda a fortaleza que existia, num momento não muito distante.
A mulher forte e determinada cedeu espaço a carência e fragilidade, talvez até de uma pessoa desprezível, já que é perceptível o total afastamento e não há nada que se faça para modificar a natureza dos fatos. E mais uma vez eu estava vencida. Deprimida em versos tristes, muitas vezes recheados de paixão. Na imensidão noturna, percorrendo os sombrios cômodos da casa, entre um cigarro e uma taça de vinho, sempre alterando o sabor entre o branco e o tinto, minha vida passava como um flashback. Eram reminiscências... Épocas felizes, conversas banais que me abarrotavam de alegrias, assuntos sérios, outros nem tanto. Enfim... Sem perceber o pranto já cobria todo o meu semblante triste, fazendo-me parecer uma criança insana, perdida.
Infeliz madrugada em si. O abandono, não o de corpos, mais o de sentimentos, mesmo os mais ínfimos existentes para alguns.
Em 2004, fui presenteada por uma amiga com uma coletânea de frases filosóficas que me levou ao contato com essa atmosfera utópica de pensamentos, tornando-me adepta a esse tipo de leitura.
Parafraseando o sábio alemão: odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer à verdadeira companhia. Creio que por tanto gostar, os deuses resolveram presentear-me ao “pé da letra”. Ironia? Castigo? Talvez não. Nada é por acaso nessa passagem terrena. É um grande desafio detalhar em pormenores a essência de um individuo como faço comigo nesse instante, expondo minh’alma de maneira verdadeira, sem personagem, sem máscaras, sem rodeios. Sei que estou me mostrando frágil, porém não necessito de uma personalidade inverossímil, nem tão pouco ser uma réplica de mulher ideal. Primo pela verdadeira essência do ser. Assim, simplesmente... Sem ditar regras pré-estabelecidas por uma sociedade mesquinha a qual faço parte. Quero poder fazer, ser, dizer o que penso, vivendo sem medos e criando meus próprios métodos de sobrevivência, minhas próprias arbitrariedades. É se na vida tudo requer tempo, seguirei... Mas deixando óbvio o apreço que te dedico como uma reles mortal, em lealdade, carinho e admiração. Sempre!


                                                                                                By Dany Rocha  25/03/09

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