Minha caneta é o cano de minha arma, porém minha escrita é meu único escudo”. DANY ROCHA

domingo, 22 de outubro de 2017

SEMPRE TÃO SOZINHA




Passei horas pensando...
Imaginando o que deixei para trás
E tentando entender...
Que dor profunda que toma meu ser.
Fitando o espelho,
Tentando em vão me encontrar...
Noto meus olhos vermelhos,
De não dormir e só chorar...
É tarde... Madrugada fria...
Em instantes o alvorecer.
Um triste novo dia,
Lá fora um silêncio profundo...
Um silêncio amargo de ilusões.
Só alguns cães e o vigia,
Parecem existir no mundo.
De vez em quando... Um barulho...
Um automóvel vai passando...
Quase amanhecendo...
Pessoas passeando, num vai e vem...
Trazendo-me a impressão 
Que o mundo está aumentando...
Outra vez eu estou só...
Infeliz expectadora da vida noturna...
Me encontro triste... Depressiva...
Sozinha...
Defronte ao computador
Agora sem significados para mim,
Apenas mais um eletroeletrônico...
Funcional. Mecânico. Vazio...
Sem alma como eu...
Não ouço a voz de ninguém 
Pois todos adormecem,
E eu não consigo dormir também.
Queria adormecer. Morrer... Desfalecer...
Assim, o sono me leva...
A caminhos que ninguém possa me ver.
Preciso me encontrar,
Outra vez me ter...
Sentir-me. Viva... Pelo menos.
E o que é a vida para alguém 
Que não divide nada com ninguém?
O que me resta...
Tentar adormecer.
Colocar toda a embriaguez no meu ser...
Tentar não sofrer.
E nessa inconstância minha 
Se ainda dormisse e sonhasse.
Não estaria tão sozinha...



                                      Por Dany rocha 22/09/08

EU





Hoje mais uma etapa da existência começa a fluir...
Novos pensamentos, emoções, ideais...
Tudo se funde em objetivos e metas a serem alcançados...
O espírito se renova em instantes não antes observados
A alma engrandece o corpo pela satisfação da vida...

Hoje me sinto capaz, mais humana, mais concisa.
O alvorecer me parece esplendoroso.
O canto dos pássaros,
O sorriso inocente,
Atitudes novas, decisões precisas...

Mais um ano se passou, 
Ocorreram fatos novos,
Outros nem tanto...
Vez por outra, um acalanto.
Minha história mudou...

Houveram momentos onde sofri,
Situações pelas quais chorei.
Decisões difíceis
Madrugadas, insone 
Mas se errei, não sei...

O mundo é uma transmutação. 
Um paradoxo, sem nexo. 
Adaptá-lo, é ter a vida por um fio... 
Pondo o ser a todo instante
Aos grandes desafios...

Hoje almejo a paz.
Prezo em Deus minha saúde,
Minha dignidade,
Minhas virtudes,
Meu EU simplesmente...


                                                 DANY ROCHA 02/09/08.

A MATÉRIA E O ANJO (conto)



E lá estava ela... Primeiro dia naquela Instituição... Depois de tantos dissabores da vida, uma nova etapa se iniciaria... Uma nova jornada, algo fascinante e ao mesmo tempo duvidoso.
Não decidira ou não imaginava quão grande seriam as responsabilidades que a fariam capaz de levar o intento até o final. Passara por muitos momentos ruins, situações que a abalaram psicologicamente, colocando-a por muitas vezes, a questionamentos sobre sua capacidade intelectual... Ela sabia que precisava de ajuda, de recursos e incentivos de alguém para sentir-se segura diante de tanta fragilidade.
Bella, era seu nome. Por muito tempo, escondera dos outros e de si mesma, o fascínio pela leitura, pela arte e em especial pela poesia...
Recriando nesse contexto, eis que surge uma luz no abismo que vivia...
Um anjo! Um ser, que estendeu-lhe as mãos, com capacidade surreal ao ouvi-la e apoiá-la. 
Ao contrário, do que muitos faziam ao lerem certos textos, por vezes singelos, sem muito a dizerem ou por vezes na escuridão da ignorância, nem ao menos entendê-los... O anjo lhe prestava homenagens, dava-lhe atenção, incentivo. Ele queria ver sua produção, queria lê-los, mais e mais... Aqueles que para ela não eram apenas escritos, mais sim partes fragmentadas de sua existência... De sua vida expressas em rimas ou simplesmente em palavras soltas discorridas num pedaço de papel...
De súbito, ela arquejou. Como alguém poderia gostar de textos tão simples, sem estética? Não estaria àquela criatura zombando dela novamente, como os demais faziam? Eram dúvidas... Muitas e sofredoras dúvidas, pois não poderia acreditar em mais ninguém...
E num dado momento, usando de sua persuasão, mas com uma linguagem angelical, aquele ser, fez com que ela se rendesse a escrita.
Tomada pela doçura, pelo carisma que em outrora pensou não mais existir, dentro dos seres humanos, rendeu-se...
Escreveu... Escreveu... Escreveu... Como uma louca...
Os dias passaram-se, suas produções aumentavam e as trocas de textos eram cada vez mais recíprocas. Agora, não apenas textos, mais vivências, experiências de vida, medos, tristezas, alegrias...
Entendiam-se os seres. Como se o anjo e a matéria fossem um só. Por muitas vezes, confundia-se o real ao imaginário. A literatura para eles era a bíblia de bolso e a linguística... Ah... Essa ai! Eles também não entendiam. Sorriam...
A noite para aquelas criaturas era apenas uma infante, o sol com o raiar da aurora, um inconstante, ditando um novo dia e anunciando que findava a hora e ela teria que ir a padaria. Muitos risos...
O anjo, certa vez falou: - Sempre que precisar de mim estarei aqui!
Ela guarda na lembrança, a resposta daquela frase num abraço terno, demorado, puro, hoje perdido na inconstância do ser.
O anjo sumiu... Sem explicação desapareceu. Voltou ao mundo que de certo pertencia. Ela outra vez sozinha, pois não era de muitos amigos. Desiludida, chorou a falta do seu protetor.
Se por longas e intensas madrugadas, sua matéria fazia parte de uma vida desalinhada, desprezível, sem nenhum tipo de emoção, aquele anjo, pensava ela, devolveu-lhe a vida. Fazendo-a capaz de sentir os mais belos sentimentos fraternos. Agora ele sumiu...
Ela que tanto acreditou naquele ser celeste, estava triste, iria voltar às asperezas da vida, ao tédio, às amarguras, à solidão cruel das altas madrugadas, quando tudo que ela almejava era uma companhia para dividir seus momentos insanos e cheios de depressivas lembranças do passado.
A moça não era mais ela mesma... Que jogo! Que ímpeto! Destruído tudo que um dia foi dito.
Sentiu-se solitário o ser, a matéria imperfeita. 
Verdadeiro dejeto humano. Recolhida, cabisbaixa ela buscava explicações.
O que mudou naquele anjo?
Ela sabia que os seres humanos corrompem-se, destroem-se. Mas, o divino, não! São seres celestiais, são A N J O S. E se os anjos, também têm deficiências como à matéria, seres imperfeitos, como acreditar nesses seres? 
Ela por vários dias questionava. Por mais que a idiotificação humana possa existir, ela não se deixou abater. Acreditava no retorno de seu protetor. Mesmo triste, sabia que os anjos existiam independentes de sua nomenclatura angelical, havia um anjo da guarda, um anjo fiel, um anjo amigo... Entre tantos anjos, Michael, Rafael, Daniel, Gabriel... Não importava para ela. Aquele anjo, que por certo mudara a sua vida, se nunca mais retornasse a Terra, pelo menos, isso ela tinha certeza, foi o grande responsável por dá de volta o prazer da leitura, e pelas diversas mudanças de conceitos em sua própria matéria.
Cansada, ela pegou um bloco de papel e escreveu ao firmamento, deixando lá para que as palavras fossem absorvidas pelo vento:
"Aos anjos, todos eles, entre o céu e a terra, entre o bem e o mal, entre a verdade e as sombras, entre a sinceridade e as intrigas, enfim entre todos os paradoxos...
Como Nietzschier, ”Que importa o resto? O resto é somente humanidade. É necessário ser superior a ela, em força, em grandeza de alma – e em desprezo”...
  


                                                  By  DANY ROCHA 26/09/08.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

AMOR: NOBRE OU CRUEL SENTIMENTO?



O que restou do amor? Lexema avassalador...
Saudade, gosto amargo de fel.
Atropela todo sentimento e enaltece ao firmamento as palavras hipócritas sobre esse vocábulo tão complexo que é o amor.
Sinto tua presença quase que real ao meu lado... Aos poucos esvaindo-se pela ausência.
Mas, se infiltra em minha vida de forma inanimada...
Estás em cada verso, em cada parágrafo meu...
Estás assim, meio que escondido nas frases dispersas, mais vive incondicionalmente nas entrelinhas do meu pobre coração insano.
Sobrevivem às incertezas, está presente nos flash backs dos romances descritos. 
O amor... Nobre ou insano sentimento?
Sem comparações és o único invólucro divino de palavras doces e incondicional que ainda guardo em minhas reminiscências sofridas.
Definir-te és quimera ilusão, incógnita austera de personificação.
És o crepúsculo do meu alvorecer noturno, pois os dias já não me pertencem, e a qual sobrevivo a existência é nas minhas madrugadas a vagar. Sozinha...
A quem devo clamar oh, sentimento cruel ? És quase um Nero!
Persisto na ideia ilusória do amor, gostaria de ter certeza que esse sentimento errante e algoz existe verdadeiramente.
Que sufrágio de alma é esse? Se ao amar sofremos as grandes asperezas da vida, do descontentamento e da dor?    
Não caro leitor, o amor não é só magia, encanto, é por fim uma falsa esperança aos desesperados e irrelevantes corações carentes.
É uma chama que queima por dentro ao reencontro com outro ser, que ateia esperanças lúdicas aos enamorados para então, depois extrair o vigor dos teus dias, corrompendo tuas virtudes, abobalhando as criaturas num fetiche alucinógeno, como uma droga que não se esvai do teu organismo, até extinguir teu último sopro de vida, de esperança  e credulidade.
Aos apaixonados reprimidos restam as desilusões, as agruras, o fracasso de um amor perdido, ilusório, cicatrizes imutáveis.
Cria-se uma expectativa paralela, um mundo inverossímil, ilógico.
A solidão e a melancolia são as constantes companheiras de alguém metralhado pelas decepções de um sentimento soberbo e introspectivo.
Introspecção... O amor modelo Camoniano... De Shakespeare como em Romeu e Julieta... 
Meras dicotomias... O mesmo amor que te enaltece, também te destrói.
O amor que te faz sorrir, também aos poucos desfalece em rios frondosos de prantos.
Faz-te chorar, o que te faz sobreviver às dificuldades, tornam-se irremediáveis problemas. 
Não devemos mergulhar nessa correnteza torrencial, o amor dói!
Destrói facções, um sentimento tão explorado pelos poetas como algo estupendamente maravilhoso... Mas, não mencionaram a outra face do amor: O lado negro das decepções... E mesmo assim, nós pobres "humanóides", insistimos em reverenciá-lo.  E pior... Insistimos em senti-lo, em amar o amor inconscientemente.
Ao um simples gesto, ao um simples olhar, a um tênue abraço que damos sem sentido, ao delírio na pele que arde, inebriando a sorte sofrida...
E mais uma vez, ele esta lá... O amor...
Sentimento utópico, e há quem diga:
“Melhor sofrer amando na morte, do que viver sem senti-lo”.                                                                 

                                                                         By Dany Rocha  25/07/09.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017


PENSAMENTO DO DIA


SE OS OPOSTOS SE ATRAEM,
OS IDÊNTICOS, MASCARAM-SE.
POR TER MEDO DA DUALIDADE...

Dany Rocha 

DANIELLE



Meu jeito Dani de ser...
Não é poder. É simplesmente ser.
Se não posso parecer,
Não me julgues, tente entender.

Sou um ser, como outros seres.
Diferente... Talvez...
Inconstante, se crês...
Mas... Sou!

Moleca, menina...
Dinâmica, não subestime.
Insone ou ébria...
Não me decifre.

Meu jeito Dani de ser...
Sou assim. Procurando parecer.
Algo que enaltece...
Pra mim ou pra você.

Amiga... Fiel.
Relutante em cordel.
Carente em poesias...
Nessas folhas de papel.

Meu jeito Dani de ser...
Forte, compulsiva.
Amável, apreensiva.
Eu... Dani... Pra você.




                                DANY ROCHA 03/10/08.

TRISTEZA SOMBRIA



Não compreendo o que se passa agora.
O coração esta cansado. 
Não... É todo o corpo que cansou.
Minh’alma extasiada cansou de amar, 
Cansou de brincar de vida, 
Cansou de esperar o amor.
Destrutivamente percebo esvaindo-me...
Sufocando em reminiscências sofridas...
Acendo um cigarro após outro,
O peito explode em sensações inimagináveis,
Contraindo e inflando com rudeza 
Como um quase pneumotórax.
Dúvidas e decepções nessa madrugada sem aurora.
É fato! Não desato os nós que interferem 
No crescimento espiritual. 
E todo o cosmo conspira contra mim...  
Neste instante tão profundo de nostalgia.
A deusa lua não me inspira,
As dionisíacas estrelas não brilham como antes,
O alísio não me toca a face,
Mas o silêncio me devora...
São pensamentos inconseqüentes 
E momentos sombrios de outrora.
Secos, ríspidos, algozes... Torturantes talvez!
A esferográfica falha.
As folhas rabiscadas com frases conturbadas,
Pelos conflituosos dias, denunciam claramente 
A insana sensatez.
A poetisa chora...
Dessa vez, um pranto mudo, nefasto.
Corroendo as amarras das desilusões,
Das ínfimas utopias de um coração,
Mascarado pelas asperezas vividas.
E findada as esperanças, 
Não há mais o que fazer...
Nessa vida tão criança,
Desolada e sem prazer.


                             By Dany Rocha     15/08/2009

ESTRANHA INCONSCIÊNCIA


É no silêncio onde a cidade dorme que os pensamentos fogem ao imaginário e se condensam em vontades inexplicáveis...
São reminiscências do passado distante e outras nem tanto. Existe um desejo voraz em meio a tanta solidão, onde o sentido se esvai em nefasta insensatez de sonhos não concretizados e noites mal dormidas.
Entre um gole e outro, uma pilha de papéis avulsos manuscritos, o café morno ao lado da cama e do tic tac do relógio, eu me encontro só... E bem longe dali, ofuscando-se sob a relva da noite que corta o enorme quarto escuro surge a imagem de um ser.
Um ser imaginário, inatingível, uma visão? Seria um homem?
Não tenho certeza... Estou inebriada demais para distinguir se é real ou ilusão.
Ilusão como tantas outras já vividas, como tantas já sofridas. Talvez na vida, eu tenha me entregado demais ou talvez, eu não tenha me entregado o suficiente... Não sei...
Olho novamente e não distingo seu rosto. Aquele ser está lá. Estático! Não sei se ele tem rosto, alma ou coração. Não sei se é a sombra das lembranças dos muitos amores que tive ou se é a sombra das ilusões vividas... Uma mistura de rostos que se confundem indistintamente e se desfaz como névoa...
É um ser de aura dispersa, ser que se confunde entre as sombras da janela e o reflexo da lua, que insiste em abraçar uma parte obscura do recinto.
Aquele ser que por vezes, esconde-se entre sorrisos e olhares, transfigura-se nas luzes lunares do ser pensante e irrequieto que ali habita.
Pálida e distante, o corpo dormente arrepia-se em lembrar daquele rosto gélido, porém suave. Por um segundo eu quis que aquele ser tivesse rosto e nome... Olvidei por um momento, que o conhecia, olvidei suas palavras firmes que escondem um ser sensível, cheio de medos e incertezas...
O porte másculo reclinado no parapeito da janela, o sorriso... Ah, o sorriso... Visão combinada dos deuses Nefertum e Eros... Aquele ser impõem uma imensidão de coisas não ditas e desejos efêmeros. Um olhar marcado pelo tempo. Uma dor cansada de querer o não querer. O suor fastigado de um dia de trabalho, as mãos trêmulas...
Levanto-me irrequieta para contemplar a verdade. Vou ao seu encontro, lentamente aquela imagem se desfaz, como areia no deserto que escoa pelas mãos ele se esvai até que não o vejo mais...
O ser se foi como tantos outros... Só consegui sentir uma brisa leve e perfumada envolvendo minha face como em um último beijo. Se foi... Afastando-se dos meus sonhos, dos meus desejos e do meu coração...

                                                                       Dany Rocha    04/10/2017.