Minha caneta é o cano de minha arma, porém minha escrita é meu único escudo”. DANY ROCHA

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

“A Borboleta em flor”



Um poema esbarrou em mim esta manhã.
Não um poema de versos, ou coisa que se escreve assim em dias em que sentimos a necessidade em fazer gritar a alma...
Não lições ou pensamentos restritos acumulados pela solidão e dor.
Um poema mais que perfeito sondou meu corpo físico.
Solto ao vento como se a mágica buscasse um pouco de sensatez para começar o dia.
Um poema povoou minha existência, começou de mansinho e se instalou naquilo que meus olhos testemunhavam.
Começou por um silêncio quase que mortal, chegando à menina dos meus olhos em dia cálido...
Um poema sem palavras inquietou meu caminho. Seguiu-me desde o começo até a trajetória finda.
O dia acordava para a vida, para o existencialismo. Ouvia os passos apressados, o burburinho das pessoas, que olhavam e seguiam... 
Mais um dia!
Neste instante, percebi que o poeta não precisava de uma folha de papel para escrever suas estórias, bastava observar a beleza simplória deste poema inacabado, como a borboleta que me seguiu e que ao longe carregava em suas patas uma pétala da mais linda flor dos muitos jardins.
Percebi que na vida tudo tem um motivo, que não devemos desistir.  Apenas mostrar para outros como seguir novamente. 
De ventura, e em que uma noite se aclara quando a solidão não tem mais fim, a borboleta cansou e desistiu da pétala, como se buscasse um novo recomeço. 
Desistiu da pétala... 
Que por fim deixou-a cair em minhas mãos...


 por DANY ROCHA

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

SEGUIR VOCÊ



Seguirei...
Inconsciente das questões do amor.
Seguirei em rastros, cansada, frígida...
Contemplando unicamente meu doce dissabor.
E como quimera ilusão, que queima, arqueja e fraqueja no meu pobre coração,
Mesmo assim, te seguirei...
Sentindo-me frágil e forte, doando-me, esquivando-me da vida ou da morte, nessa tão injusta aos adoradores da sorte, do mundo obscuro que plumaste a mim.
Seguirei...
O destino nefasto, o riso, o pranto, a dor, talvez o desatino e a própria desordem,
Desses olhos tristes e inquietos que são teus, destes teus anseios que usar-te como suporte,
E desse modo inconstante de menino que finge e reluta...
Seguirei...
A bruma reluzente, o beijo amargo e estridente, a desilusão do declarmar em noite lunar inconsciente que mesmo insano foi simplesmente um declarar.
Olhos nos olhos atônitos, boca vazia de vocábulos... E o ambiente passou a ser testemunha de uma platonicidade... Minha talvez.
Seguirei...
Os rumores de tua vida vazia, ostentada e ausente. As declarações de vida, a confiabilidade, o estorno... O abandono depois, veemente...
Lealdade mais que fidelidade insistente, o suporte, o menino- homem somente.
Nessas madrugadas frias que te tinha tecnologicamente e que depois se concretizava num sonho dionisíaco...
Seguirei...
E a cada dia que por encantamento beirava os afazeres para ir ao teu encontro e passar noites a fio em tua companhia infante, surgem às dúvidas, lamúrias e confissões...
Foste só e desnudo de uma armadura que somente eu conheci.
Foste como um rio que corre na nascente, e ao final desemborca no mar do consciente.
Seguirei meu caminho... E seguirei o teu.
No mais puro silêncio que transporta toda a imensidão de um coração que sofre.
Verei tuas jornadas agraciadas, teu sucesso, tuas reverenciações...
Verei teu brilho não ofuscado que no fundo se mancha de insólitos desejos obscuros...
Verei teu êxtase, como vi um dia. Mesmo que inanimado...
Agora, te seguirei...
Terei reminiscências de outrora, de nossas vidas, do brilho de nosso amor na aurora,
De um passado esquecido, porém vivido e de futuros banais.
Segurei teus passos de mansinho...
Em cada ambiente alcoólico, em cada copo de colarinho, dessa loira alucinógena ou do sulco da uva branca em que as rolhas eram colecionáveis...
Tentarei resgatar tuas lembranças, teus gostos, tua esperança, presença inoportuna em meus pensamentos...
Trajetórias insuetas, relutâncias de carinho... Duelo!
É como num fogo cruzado, que vive mascarado em um centímetro de uma “personagem” atrás de mim... Bem próximo... Ruas, avenidas, alamedas... Não... Próximo demais... E acreditas que a ama.
Por isso te seguirei...
Vou te proteger de longe... Pobre expectador.
Personagens são apenas “personagens”... No palco da vida, não são artistas a existência toda...
Protegerei-te disso e te amarei mais ainda, mesmo a distância...
No orgulho, no dissoluto, no desejo reprimido de um homem por sua mulher.
Ignóbeis!
No odiar por lembrar que uma mazela... Pôs tudo um fim...
Desfaleço...  Esqueço e ponho uma reticência nesse final... Sem mais apenas simplesmente escrevo.
E é por isso que te seguirei...
E seguindo, quem sabe, se no fim dessa jornada não te encontro?
Retornarei meu ócio e sorrindo entoarei um cântico: “Seguir-te-ei a vida toda e por fim te resgatarei!”


POR DANY ROCHA 04/01/2013