Seguirei...
Inconsciente das questões do
amor.
Seguirei em rastros, cansada,
frígida...
Contemplando unicamente meu doce
dissabor.
E como quimera ilusão, que
queima, arqueja e fraqueja no meu pobre coração,
Mesmo assim, te seguirei...
Sentindo-me frágil e forte,
doando-me, esquivando-me da vida ou da morte, nessa tão injusta aos adoradores
da sorte, do mundo obscuro que plumaste a mim.
Seguirei...
O destino nefasto, o riso, o pranto,
a dor, talvez o desatino e a própria desordem,
Desses olhos tristes e inquietos
que são teus, destes teus anseios que usar-te como suporte,
E desse modo inconstante de
menino que finge e reluta...
Seguirei...
A bruma reluzente, o beijo
amargo e estridente, a desilusão do declarmar em noite lunar inconsciente que
mesmo insano foi simplesmente um declarar.
Olhos nos olhos atônitos, boca
vazia de vocábulos... E o ambiente passou a ser testemunha de uma platonicidade...
Minha talvez.
Seguirei...
Os rumores de tua vida vazia,
ostentada e ausente. As declarações de vida, a confiabilidade, o estorno... O
abandono depois, veemente...
Lealdade mais que fidelidade
insistente, o suporte, o menino- homem somente.
Nessas madrugadas frias que te
tinha tecnologicamente e que depois se concretizava num sonho dionisíaco...
Seguirei...
E a cada dia que por
encantamento beirava os afazeres para ir ao teu encontro e passar noites a fio
em tua companhia infante, surgem às dúvidas, lamúrias e confissões...
Foste só e desnudo de uma armadura
que somente eu conheci.
Foste como um rio que corre na
nascente, e ao final desemborca no mar do consciente.
Seguirei meu caminho... E
seguirei o teu.
No mais puro silêncio que
transporta toda a imensidão de um coração que sofre.
Verei tuas jornadas agraciadas,
teu sucesso, tuas reverenciações...
Verei teu brilho não ofuscado
que no fundo se mancha de insólitos desejos obscuros...
Verei teu êxtase, como vi um
dia. Mesmo que inanimado...
Agora, te seguirei...
Terei reminiscências de outrora,
de nossas vidas, do brilho de nosso amor na aurora,
De um passado esquecido, porém
vivido e de futuros banais.
Segurei teus passos de
mansinho...
Em cada ambiente alcoólico, em
cada copo de colarinho, dessa loira alucinógena ou do sulco da uva branca em
que as rolhas eram colecionáveis...
Tentarei resgatar tuas lembranças,
teus gostos, tua esperança, presença inoportuna em meus pensamentos...
Trajetórias insuetas,
relutâncias de carinho... Duelo!
É como num fogo cruzado, que
vive mascarado em um centímetro de uma “personagem” atrás de mim... Bem próximo...
Ruas, avenidas, alamedas... Não... Próximo demais... E acreditas que a ama.
Por isso te seguirei...
Vou te proteger de longe... Pobre
expectador.
Personagens são apenas
“personagens”... No palco da vida, não são artistas a existência toda...
Protegerei-te disso e te amarei
mais ainda, mesmo a distância...
No orgulho, no dissoluto, no
desejo reprimido de um homem por sua mulher.
Ignóbeis!
No odiar por lembrar que uma mazela...
Pôs tudo um fim...
Desfaleço... Esqueço e ponho uma reticência nesse final...
Sem mais apenas simplesmente escrevo.
E é por isso que te seguirei...
E seguindo, quem sabe, se no fim
dessa jornada não te encontro?
Retornarei meu ócio e sorrindo
entoarei um cântico: “Seguir-te-ei a vida toda e por fim te resgatarei!”
POR DANY ROCHA 04/01/2013