Minha caneta é o cano de minha arma, porém minha escrita é meu único escudo”. DANY ROCHA

sábado, 4 de junho de 2011

URGENTE: UMA CONSCIENTIZAÇÃO POLITICA COM A GALERA!





A JUVENTUDE E SUA PARTICIPAÇÃO POLÍTICA NO BRASIL.

Hoje, depois que cheguei do meu seminário sobre literatura espanhola, no Centro de Línguas – CCL, liguei a TV e me deparei com uma novela no SBT, sobre a ditadura militar. O fato, é que algumas cenas me chamaram atenção, tendo em vista que percebo agora, o quanto nós, jovens, somos alienados nas questões políticas do país. Percebi que não poderia ficar inerte diante de tantas atrocidades vividas por brasileiros inocentes que simplesmente lutavam por suas ideologias e por um mundo melhor. Fala-se tanto em democracia, em direitos humanos e chego a questionar-me, onde estão os presos políticos daquela década? Como estão atualmente às famílias dos que perderam entes queridos ou como estarão as pessoas que viveram um inferno particular naquela época de desonra nacional? Com todas estas perguntas resolvi escrever sobre alguns fatos históricos daquele momento...

 JUVENTUDE:

Até meados do séc.XX, a juventude estava restrita ao universo escolar, onde a escola sempre teve o papel de prepará-la para a vida. O estudante era a representação do jovem, restringindo aqueles que não tinham acesso a esta instituição.
 A juventude é vista, muitas vezes, como problema e solução para o país. Do mesmo modo que ouvimos expressões como "juventude perdida", "juventude viciada e violenta", escuta-se frases célebres como "os jovens são o futuro do Brasil". Para entender a juventude é preciso conhecer as transformações que esse momento significa na vida de cada pessoa, os sonhos, desafios, dificuldades... Daí, o grande número de projetos e debates que são realizados sobre a juventude no Brasil e no mundo. Só para se ter uma idéia de cada dois desempregados no país, um é jovem. Os jovens são os que mais matam e, ao mesmo tempo, os que mais morrem em acidentes de trânsito e a cada duas mortes de jovens entre 15 e 24 anos, uma foi por homicídio. Os jovens entre 18 e 24 anos representam 2/3 da população carcerária no país e mais de 1 milhão de jovens não estudam nem trabalham, vivendo integralmente o chamado "ócio juvenil". Diante desse quadro alarmante, é que os movimentos organizados de juventude, ao lado de entidades representativas e instituições acadêmicas, têm reivindicado a inclusão das políticas públicas de juventude na pauta da agenda do governo nos planos nacional, estaduais e municipais. O Governo Federal reconhecendo a importância de um espaço para a elaboração e execução dessas políticas, criou a Secretaria Nacional de Juventude e o Conselho Nacional de Juventude, que coordenam e acompanham projetos bem-sucedidos como o Pró-Jovem, ProUni, Agente Jovem, Primeiro Emprego. Esse esforço do governo aponta uma nova direção e um novo desafio para a juventude, que é a organização e a participação política dos jovens, pois não basta exigir ações do governo, é preciso organizar-se e participar ativamente das decisões políticas do país.
Atualmente, os jovens de uma das universidades a qual faço parte, (UESPI) estão se mobilizando em prol de uma educação de boa qualidade, as reivindicações estão entre o governo do estado e a instituição pela luta na melhoria do ensino, educação de qualidade e principalmente pelas melhores condições do Campus onde estudamos. Movimentos culturais, passeatas e greve são os pontos fortes para chamar atenção das autoridades que de forma pressionada busca a solução dos problemas. A meta com essa mobilização é que a UESPI consiga a melhoria integral dos cursos disponibilizados naquela instituição.


CONTEXTO HISTÓRICO

Para melhor compreendermos a participação da juventude no meio político devemos entender que, desde muito tempo, os jovens já se organizavam em prol de atingir objetivos. Se analisarmos a história do País, veremos que praticamente todas as importantes mudanças e conquistas da nação brasileira, contaram com a participação ativa da juventude.  A primeira manifestação estudantil ocorreu, por exemplo, em meados do séc. XVII ainda na época do Brasil Colônia, quando algumas centenas de estudantes, armados de punhais e poucas armas de fogo, impediram a invasão francesa à cidade do Rio de Janeiro. Depois disso, houve uma grande e importante participação jovem na Inconfidência Mineira. Um pouco mais tarde, movimentos assinados por jovens recém-chegados da Europa, influenciaram positivamente na abolição da escravatura e na Proclamação da República. No contexto atual, não muito distante (1992), os jovens vieram às ruas para pedir o Impeachment, de Fernando Collor, ou seja, sua impugnação de mandato, que denomina o processo de cassação de mandato do chefe do executivo pelo congresso nacional  às Assembléias estaduais e Câmaras municipais para países presidencialistas, aos seus respectivos chefes do executivo.

UNE
 Era um dos principais representante dos movimentos estudantis no Brasil. Concebida, em 1910, no I Congresso Nacional de Estudantes, em São Paulo, e fundada em 13 de agosto de 1937, (coincidindo com a instauração da ditadura do Estado Novo) e foi ai que surgiu a necessidade dos estudantes universitários se organização para lutar pela construção da democracia e justiça social no Brasil. Posso elencar cronologicamente alguns objetivos: 1942: manifesta-se contra o regime ditador do ESTADO NOVO, contra o eixo a II guerra Mundial e luta pelo fim da ditadura de Vargas; 1947: o ideal nacionalista levou a passeata o PETRÓLEO É NOSSO; 1956/58: contra a internacionalização da Amazônia e pela criação de indústrias de base e reforma agrária; 1962: greve geral, ampliação do ensino gratuito e democratização universitária; (1964-1989) de oposição ao regime militar; 1964- 1º de abril- sede da Une incendiada, criticas à intervenção dos EUA, pelo MEC a educação brasileira; (1979) a favor da anistia ; (1984) diretas já“ ; (1986) contra a dívida externa ; (1987) por uma universidade pública e gratuita ; (1992) —fora Collor , entre muitas outras. 1985 : UNE volta a legalidade, ressurgem os grêmios e os centros estudantis. Esse movimento estudantil, pela sua grande capacidade de organização  foi capaz de colocar cem mil pessoas na rua, quando da passeata dos cem mil, em 1968 (em protesto contra a ditadura militar) tornando-se o marco dos movimentos estudantis e da atuação política dos jovens no cenário nacional. Desde então, a historia participativa dos jovens elencaram os principais episódios políticos do país, como já descritos anteriormente.
 Devemos também, Lembrar que nos anos 60, a UNE junto com outras entidades estudantis, colocam-se a frente de movimentos Populares, pois o país atravessava crises com o regime militar, intensificando quando Jânio Quadros renuncia e João Goulart assume o governo propondo reformas de base, foi neste caso, que a UNE uniu-se a Jango na luta pela reforma educacional ( reivindicando a ampliação do ensino gratuito e a democratização das universidades. Esse fato ficou conhecido como A GREVE GERAL DE 62.
 Mas as pressões não acabavam ai. Movimentos estudantis abalaram o cenário da política do Brasil como: De 64 á 89 - de oposição ao regime militar, onde continuam as pressões, vários estudantes são presos, exilados e mortos, a sede da UNE foi incendiada no RJ, paralelamente em outros paises explodem diversas manifestações estudantis; 1964- 1º de abril- sede da Une incendiada, criticas à intervenção dos EUA, pelo MEC a educação brasileira; lei Suplicy de Lacerda nº4464, elimina a Une da representação dos estudantes; Em 79,a favor da anistia ;  novas manifestações pela volta do regime democrático.  (1984) “diretas já”, que elege quase que unanimemente Tancredo Neves como presidente; (1986) contra a dívida externa;  (1987) por uma universidade pública e gratuita ;  (1993) ocorre o movimento, Fora Collor , entre muitas outras e em 1985, a  Une volta a legalidade, ressurgem os grêmios e os centros estudantis.
OS MOVIMENTOS CULTURAIS E OS JOVENS NO BRASIL
Os movimentos culturais da juventude andaram de mãos dadas com a política, mostrando através das artes o engajamento político dos jovens brasileiros. Foi assim com Chico Buarque e Geraldo Vandré na década de 60, o movimento tropicalista na década de 70, o rock brazuca dos anos 80, com Renato Russo questionando “que país é este?”. Sem falar do teatro, no cinema-novo de Glauber Rocha e vários outros... Não poderia deixar de falar de Raul.  No ano de 74, Raul Seixas e Paulo Coelho, criam a Sociedade Alternativa, uma sociedade baseada nos preceitos do bruxo inglês Aleister Crowley, onde a principal lei é "Fazes o que tu queres, há de ser tudo da Lei". Em todos os seus shows, Raul divulgava a Sociedade Alternativa com a música de mesmo nome. A Ditadura, então, através do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) prendeu Raul e Paulo, pensando que a Sociedade Alternativa fosse um movimento armado contra o governo. Depois de torturados, Raul e Paulo foram exilados para os Estados Unidos onde Raul Seixas teria supostamente se encontrado com John Lennon. No entanto, o seu LP Gita gravado poucos meses antes faz tanto sucesso, que ambos voltaram ao Brasil, e foi o que hoje consagramos como o Pai do Rock, depois de Elvis, claro!
WOODSTOCK
No âmbito internacional, os jovens para reivindicar seus direitos oprimidos, resolveram também invadir o pensamento jovial.
O Festival de Woodstock foi o mais importante festival de rock and roll de sua época. Realizado entre os dias 15 e 18 de agosto de 1969 em uma fazenda em Bethel, NY, reuniu num final-de-semana mais de meio milhão de jovens. O festival exemplificou a era hippie e a contracultura do final dos anos 60 e começo de 70. Simbolizou a luta pela paz e liberdade e pelos direitos dos jovens que se recusavam entrar para o exercito, uma repulsa a guerra do Vietnã. Nessa época era proclamado o direito da FLOR, representando a pureza, ao amor livre , ao ópio, a vida natural, 32 dos mais conhecidos músicos da época apresentaram-se durante um chuvoso fim de semana defronte a meio milhão de espectadores. Esse evento surgiu do esforço de quatro empresarios que queriam investir seu capital no meio musical. Inicialmente o projeto era a criação de um estúdio de gravação em Woodstock, mas a idéia evoluiu para um festival de música e artes ao ar livre.Mesmo considerado um investimento arriscado, o projeto foi montado tendo em vista retorno financeiro. Os ingressos passaram a ser vendidos em lojas de disco e na área metropolitana de Nova York, ou via correio através de uma caixa postal. Custavam 18 dólares (aproximadamente 75 dólares em valores atuais), ou 24 dólares se adquiridos no dia. Aproximadamente 186.000 ingressos foram vendidos antecipadamente, e os organizadores estimaram um público de aproximadamente 200.000 pessoas. Não foi isso que aconteceu, no entanto. Mais de 500.000 pessoas compareceram, derrubando cercas e tornando o festival um evento gratuito. Pode-se dizer que foi o Marco do movimento da contracultura, naquela ocasião, promoveu grande polêmica, pelos propósitos levantados: os ideais paz e amor, defendendo o sexo livre e condenando a Guerra do Vietnã. Um protesto contra uma sociedade americana infestada pelo desejo de controle. Esse  evento original provou ser único e lendário, reconhecido como uma dos maiores momentos na história da música popular. Destaques para Janis Joplin e Jimi Hendrix. (Adoro!).... Só para voces se situarem, vou fazer uma pequena biografia dos caras:

Janis Joplin: foi muito mais do que a única branca a alcançar reconhecimento interpretando blues (reduto de músicos negros, principalmente quando consideradas artistas do sexo feminino), foi também cantora de rock, dona de uma voz incomparável, e capaz de imprimir às músicas que cantava uma marca inconfundível de interpretação e sensualidade.  Em meio às gravações do álbum Pearl, Janis foi encontrada morta, vítima de overdose de heroína e álcool, ainda com as marcas de agulhas nos braços.

Jimi Hendrix: Autodidata e canhoto tocava de maneira completamente estranha uma guitarra para destros, com as cordas invertidas. Revolucionou a maneira de tocar guitarra, Seus solos e “riffs” foram uma das principais raízes para o nascimento do heavy metal. O jovem guitarrista canhoto chama a atenção não apenas pelos solos imprevisíveis e de estilo inédito até a época, mas também pela extrema habilidade em tocar a guitarra com os dentes ou nas costas. Em 18 de setembro de 1970 Jimi Hendrix entrou em coma em um quarto de hotel de Londres, sozinho, sendo encontrado desacordado por uma equipe de paramédicos. A caminho do hospital foi constatada a sua morte em virtude de sufocamento por seu próprio vômito. Existem muitas controvérsias sobre a real causa da morte, mas provavelmente Hendrix sofreu uma overdose de pílulas tranquilizantes.


TROPICALISMO
A Tropicália, Tropicalismo ou Movimento tropicalista foi um movimento cultural que nasceu sob a influência das correntes de vanguarda artísticas e da cultura pop nacionais e estrangeiras (como o pop-rock americano e a poesia concreta) e mesclou manifestações tradicionais da cultura brasileira a inovações estéticas radicais como o uso da guitarra elétrica. Tinha também objetivos sociais e políticos, mas principalmente comportamentais, que encontraram eco em boa parte da sociedade, sob o regime militar, no final da década de 1960. O movimento manifestou-se principalmente na música, e no vestuário. Nessa época, a contracultura hippie foi assimilada, com a adoção da moda dos cabelos longos encaracolados e das roupas escandalosamente coloridas.
O marco inicial foi o Festival de Música Popular realizado em 67, pela TV Record, onde Caetano Veloso tirou o 1º lugar com a música alegria, alegria  O tropicalismo inovou também em possibilitar uma mistura entre vários estilos musicais como, por exemplo, rock, bossa nova, baião, samba, bolero, entre outros. Ao unir o popular, o pop e o experimentalismo estético, as idéias tropicalistas acabaram impulsionando a modernização não só da música, mas da própria cultura nacional. As letras das músicas possuíam um tom poético, elaborando críticas sociais e abordando temas do cotidiano.
Pode-se observar a questão da oposição a ditadura. Aqui postarei uma das músicas censuradas, que só após o movimento, foi pioneira de sucesso nas rádios nacionais e que ouvi hoje na trilha sonora da novela.

Cálice
Composição : Chico Buarque e Gilberto Gil
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor e engolir a labuta?
Mesmo calada a boca resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, prá a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda (Cálice!)
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, Pai, abrir a porta (Cálice!)
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade?
Mesmo calado o peito resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno (Cale-se!)
Nem seja a vida um fato consumado (Cale-se!)
Quero inventar o meu próprio pecado (Cale-se!)
Quero morrer do meu próprio veneno (Pai! Cale-se!)
Quero perder de vez tua cabeça! (Cale-se!)
Minha cabeça perder teu juízo. (Cale-se!)
Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cale-se!)
Me embriagar até que alguém me esqueça (Cale-se!)

Como em toda ditadura, não há lei, 0 que existe é a vontade do ditador e de seus lacraios. Eles podiam fazer o que bem quisessem, como o outro e com a própria justiça que julgavam ser sua própria lei. O Tropicalismo,movimento libertário por excelência, durou pouco mais de um ano e acabou reprimido pelo governo militar. Seu fim começou com a prisão de Gil e Caetano, em dezembro de 1968. A cultura do País, porém, já estava marcada para sempre pela descoberta da modernidade e dos trópicos. Ainda hoje se ouve as musicas desse movimento. Eu, particularmente adoro. Mais ainda, na manifestação pela liberdade de expressão, principalmente dos jovens, ocorreu o movimento dos anos 80. quem não lembra? O ROCK!
O novo estilo nacional, o rock pop, teve seu ultimo estouro com o aparecimento de dezenas de bandas nacionais que dominaram o cenário nacional. Era o fim da Ditadura, com a abertura democrática, a campanha das Diretas já!. De Tancredo e a sua morte fatídica, com a posse de Sarney e o Plano Cruzado.
Bandas com perfil rebelde, sacudiram o país de norte a sul, rompendo de vez com as amarras do sistema impostas aos filhos da Revolução, palavras raivosas foram ditas numa voracidade crua sem filosofias ou compromissos, e por isso mesmo traduziam um real sentimento, escancarar a realidade. Um notável mar de verdades certeiras influenciaram os jovens que passaram a compor e a cantar em seu próprio idioma o ritmo que mais curtiam o Rock , trazendo de volta ao topo das paradas nacionais, a língua Portuguesa. Esse movimento ficou conhecido como Rock Brasil. Lembro ainda , de uma música que minha mãe me pois de castigo,quando proferi na mesa do almoço. Tinha acabado de chegar do colégio, nessa época estudava no Cobrão, e simplesmente almoçando proferi: ““Bichos!/ Saiam dos lixos/ Baratas!/ Me deixem ver suas patas/ Ratos!/ Entrem nos sapatos / Do cidadão civilizado… / Pulgas!/ Que habitam minhas rugas/ Onçinha pintada/ Zebrinha listrada/ Coelhinho peludo… (vão se fuder!)”  Nossa... a música do Titãs deu o que falar! Eu não sabia, mas descobri que foi pelo o processo que levou ao fim da censura no momento da redemocratização em 85/86, lembrei da historia da música Bichos Escrotos, do antológico álbum dos Titãs Cabeça Dinossauro, que era tocada pelo grupo em shows desde 1982. Em Cabeça Dinossauro os Titãs apontam para todas as direções – Polícia, Igreja, Família, Estado, em cada título há um ataque violento a uma instituição. À influência do desencanto pós-punk se junta uma politização que finalmente encontra um canal de escoamento. Hoje, sei que “me lasquei na época”... Porque, justo naquela época, apenas uma música teve a radiodifusão proibida, justamente Bichos Escrotos. E o motivo desta proibição não teve nada de ideológico ou político, mas apenas a presença da expressão “vão se foder!” no meio da letra. Assim que as rádios descobriram isso, fizeram uma versão sem voz neste trecho, e a música saltou para os primeiros lugares das paradas. Eu agora faço é sorrir, porque essa expressão em meio à sociedade é tão banal... Fim da ditadura e as pessoas ainda continuam hipócritas... Fala isso a toda hora, se não falam, pensa quando algo ou alguém não correspondem com o que queriam. (vamos ser sinceros!).
Engraçado foi como as rádios descobriram. Escutei na época uma entrevista dos Titãs para Rádio Transamérica, pasmem... era uma gravação que a antiga Educadora de Parnaíbapois ao ar, em que eles contaram ter conversado com  o órgão da censura e que ele havia dito que, retirando o palavrão, a música seria liberada. No dia seguinte, a versão sem o palavrão já estava tocando.(mas eu falava...vão se f...).
O que ele não havia se dado conta era que, com o país redemocratizado, a censura não era mais aquela (e realmente ela foi totalmente desativada pelo governo Sarney). Não havendo mais questões ideológicas para serem vigiadas, mas com a máquina ainda montada, ela voltou-se para questões morais, e acabou criando estas situações meio RIDÍCULAS. Os Titãs não foram a única banda a ter músicas censuradas. Faroeste Caboclo e Conexão Amazônia, do meu amor e ídolo Renato Russo, Legião Urbana, também o foram, seja por se referirem ao tráfico de drogas, seja apenas pela presença de um palavrão na letra, o que não impediu a primeira de ser apresentada no horário nobre da Rede Globo (sem o palavrão. Renato Russo soltou uma risada ao cantar “olha pra cá, seu sem vergonha, sem vergonha”... (risos!)
Poderiam eram censurar essas bandas ridículas de forró com expressões dúbias e sem escracho, que tendem a falar mal da mulher generalizando-as de safadas e putas ou de todos os homens como cornos, também os generalizando. Uma forma ofensiva de fazer, o que eles dizem ser ARTE. (me poupe!). No contexto social e politico de 1980, o sucesso rápido e sem limites foi grande inimigo das bandas, causando brigas, separações e o fim de muitas. No final da decada  de 80, houve a volta da  maldita inflação com nova troca de moedas de Cruzado para Cruzado Novo. No início de 90, com a era Collor, novos planos econômicos e novas mudanças de moedas de Cruzado Novo para Cruzeiro, o confisco da poupança, as mortes do ícone Cazuza e do poeta maior Raul Seixas, o domínio da musica sertaneja na propaganda que causou protestos e reclamações, a explosão do Axé influenciando o surgimento de vários grupos de pagode. As letras não eram mais contestadoras nem questionadoras, demonstrando uma juventude conformista e apatica as questos politicas da nação. Sem contar os funks, pelo amor de Deus!
Atualmente, eu creio que a juventude, vivendo em condições de insegurança sem precedentes na história da humanidade, com a falta de estabilidade das instituições e de credibilidade dos valores éticos transmitidos do passado, os jovens estarão sendo confrontados com um futuro imprevisível, em que as chances de desenvolvimento serão determinadas, essencialmente, pela maior ou menor capacidade que desenvolvam para conviver e protagonizar situações de mudança. Este é o nosso grande desafio que  terá de ser enfrentado ao mesmo tempo em que passamos pelos processos psicossociais, emocionais e consequentemente politicos, socioculturais, educacionais que vivemos no contexto da atualidade. Confesso que ainda me preocupa nossa atuação no futuro ainda próximo, mas só depende de nós. E salve a juventude!
                                                                  indignada....
                                                            By Dany Rocha.
   


quinta-feira, 2 de junho de 2011

NOTURNA

É na madrugada que medito...
É na madrugada que sinto o amargo soluço.
É na madrugada que vem a embriaguez...
É na madrugada que foge a sensatez.
É na madrugada que tudo se expande...

Quando a noite vem,
Não falo, não penso...
As palavras, outrora abundantes,
Escorre-me garganta adentro.
São engolidas, são presas...

Num ímpeto, cresce um imenso,
Desejo de liberdade.
De compartilhar momentos, emoções...
Mas nada! Somente nada...
Apenas vazio...papéis... Solidão...

É na madrugada que reflito...
É na madrugada que sou essência,
É na madrugada que me atrevo,
É na madrugada que grito muda,
É na madrugada que escrevo...

  (É a madrugada e a existência)
                                                                           
Por que na madrugada insone,
Recrio meu mundo... Meu universo...
Embora mudo, triste, sem nexo...
É na madrugada que tento ser eu.
E ao alvorecer, percebo que nada pude ser...
Nem mesmo um ser... Somente um verso...
                               
By Dany Rocha.